29 de março de 2013

Industrys S&P 500 - uma forma diferente de analisar o índice

Hoje vou voltar a analisar o S&P 500 de uma forma diferente, isto é, segmentada, através das suas Industrys. 


O índice S&P 500 é composto por 10 Industrys, tal como pode se verificar no site standardandpoors. Existem 2 sistemas de classificação: o ICB e o GICS. A principal diferença entre os dois está nas suas subdivisões. Eu sigo o ICB por ser o mesmo que é utilizado na Europa.



Deixo um quadro comparando os 2 sistemas. As percentagens do peso que cada Industry possui no S&P 500 não estão actualizadas. Essas percentagens dizem respeito ao dia 2 de Abril de 2010, portanto com quase 3 anos. Mais abaixo, quando começar a analisar cada Industry, será possível comparar o peso actual com o peso nessa data. Bastante curioso.
Normalmente analiso as sete principais, excluindo a Telecommunications, Utilities e Basic Materials. O peso que elas possuem no referido índice é praticamente residual (2,82%-3,67%-3,61% respectivamente). Além disso, os segmentos de mercado de Telecommunications e Utilities estão demasiados estáveis e regulados para achar atraente investir neles.

O S&P 500 alcançou ontem o  valor máximo em fecho da sua história, estando apenas a +-7  pontos do máximo histórico alcançado em 11 de Outubro de 2007! Ontem quebrou (falso break?) o range que eu assinalei na ultima mensagem, podendo ter um potencial de subida de +- 2%. O target do retângulo e/ou triângulo ascendente está nos 1 596 pontos. Será mesmo?

gráfico diário cash
gráfico 1 hora CFDs
Os gráficos das Industrys que irei publicar apenas possuem histórico até 2001, portanto começa um pouco abaixo do pico do Bull Market de 2000. O primeiro gráfico será sempre semanal entre 2001 e 2013, o segundo semanal entre 2008-2013 e o último diário.

Industry Technology (18,02% market value) - esta industry perdeu praticamente 2% de peso no S&P 500 nos últimos 5 meses. Bastante significativo! Desde Janeiro de 2012 negoceia acima do seu anterior máximo histórico, mas estes últimos 15 meses indicam uma ampla lateralização. Apesar do gráfico diário indicar nos últimos 3 meses um ligeiro canal ascendente, também no curto prazo considero que está a andar de lado, sempre com a zona dos +-750 pontos como referência. Os indicadores técnicos também estão em modo neutro, tal como o volume.
Exemplo de cotadas: AAPL, INTC, MSFT, ORCL, GOOG
gráfico semanal 2001-2013
gráfico semanal 2009-2013
gráfico diário
Industry Financials (15,93%) - curiosamente ganhou 1% de peso no índice no último semestre, valorizando +-20%. Negoceia quase encostado a uma LTA de médio prazo, sem qualquer sinal de perda de força. Os indicadores aliviaram praticamente sem grandes perdas, estando em modo neutro. Importante essa linha ascendente não ser quebrada. Não existem suportes consistentes por perto.
Exemplo de cotadas: BAC, WFC, JPM, C, GS.


Industry Health Care (12,53) - mantém o seu estatuto no índice. Um dos principais impulsionadores desta caminhada para norte. Negoceia também perto de uma LTA de médio prazo. Ontem deixou a 3ª vela consecutiva verde, repetindo o padrão de velas deixado no inicio deste mês. Os indicadores estão em modo bullish. Importante a linha ascendente não ser quebrada. Não existem suportes consistentes por perto.
Exemplo de cotadas: JNJ, PFE, MRK, AMGN


Industry Consumer Goods (11,08%) - ganhou uma posição no último semestre. Apesar de tecnicamente não ser possível traçar uma linha de tendência ascendente em qualquer time frame, ele só conhece o caminho para norte. Sucessivos highers higs e highers lows desde 2011 demonstram isso mesmo. Com os indicadores ligeiramente sobrecomprados no gráfico diário e bastante esticados no semanal desde que quebrou o anterior range no início deste mês, nada a faz perder fulgor. Aliás, o seu gráfico é um excelente exemplo como pode ser complicado negociar divergências negativas com uma forte tendência ascendente. O suporte mais consistente está abaixo +-2,55 % do seu valor atual. Parece normal para breve pelo menos uma consolidação.
Exemplo de cotadas: F, KO, PG


Industry Consumer Services (10,96%) - sem qualquer alteração nos últimos 6 meses. Apesar de também ter uma tendência ascendente neste período, ela tecnicamente tem dado alguns falsos sinais. Tem construído Broadenings, figuras principalmente de inversão de tendência, mas isso não se verificou. Aliás, acabaram por estar nos +-30% de casos desse padrão que se transformam em continuidade. O RSI e o MACD possuem ligeira divergência negativa o que pode implicar uma correção. A zona de suporte está a +-4% de distância. De notar que esta Industry normalmente não constituiu grande referência para o S&P 500 em termos técnicos.
Exemplo de cotadas: AMZN, EBAY, DIS, MCD


Industry Oil & Gás (10,92%) - perdeu 2 lugares no rating, apesar de uma desvalorização residual do seu peso no índice. Este Industry tem-se revelado muito consistente a antecipar movimentos de força ou perda dela no S&P 500. Existe um possível H&S invertido com um potencial de ganho perto dos 5%. Encostado à LTA de curto prazo e com divergência negativa no RSI e MACD, os valores a vigiar são fáceis de determinar: quebra da LTA ou da neckline da figura. Confesso que desconfio do padrão bullish...Será que vai ter um pullback à LTD de longo prazo quebrada em Janeiro passado? São +-4% de desvalorização...
Exemplo de cotadas: XOM, CVX, HAL.


Industry Industrials (10,11%) - mantém o estatuto de lanterna vermelha. Muita força dos touros nos últimos 5 meses, negoceia junto de uma LTA de médio prazo, tendo reagido positivamente no pullback ao limite do anterior range. Não apresenta sinais de fadiga, tendo mesmo aliviado bastante os indicadores nas últimas 2 semanas sem grandes perdas de valor. Importante vigiar a LTA e o recente suporte.
Exemplo de cotadas: MMM, GE, BA


Após esta exaustiva análise, os sinais das diversas Industry não são consensuais:
  • a Industry Technology está a lateralizar e a Consumer Goods a dar sinais de estabilização.
  • a Financials e Industrials aliviaram um pouco nas últimas semanas, podendo estar a preparar novo impulso, no entanto é necessário apertada vigilância às suas LTAs
  • a Industry da saúde não apresenta qualquer fragilidade, aliás só demonstra força
  • as industrys da energia e de serviços apresentam alguns sinais viradas para quedas, com um potencial de +-4%.
Tal como acima referi, a Industry da energia tem sido excelente a antecipar movimentos do S&P 500. Caso ela quebre a LTA, pode levar consigo as outras Industry que também apresentam essas linhas de tendência ascendente de médio prazo. Perdas de 4% podem levar o S&P 500 novamente para baixo ou pelo menos para perto dos 1 530 pontos.

Por outro lado se o possível H&S invertido da mesma Industry for ativado, juntamente com o potencial da Financials e Industrials, os míticos 1 600 pontos podem ser o próximo objetivo dos touros enfurecidos. Curiosamente este valor fica muito próximo do target da figuras Bullish visíveis nos gráfico de 1 e/ou 4 horas que deixei no início desta analise...

No meio disto tudo, estou extremamente curioso com o comporto do atualmente neutro peso pesado Tecnhology. O que podem implicar os seus 20%? O melhor neste ponto seria deixar uma análise aos pesos pesados dela: AAPL, MSFT, ORCL, GOOG...pelo menos. Fica para outro dia.

Gostava de ter uma opinião sobre o que escrevi, isto se alguém teve coragem e paciência para ler esta enorme análise.

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